UMA PESSOA CHAMADA MARIA

«Uma pessoa chamada Maria» é uma ideia de Sandra Barros com ilustrações de Sónia Borges. A obra aborda as temáticas da liberdade da identidade individual e da autodeterminação. Pensada para pessoas a partir dos 5 anos, esta primeira edição da Burilar tem planeadas apresentações do livro no território nacional.

50 anos após o 25 de abril, o caminho para a democracia urge continuar a ser trilhado, na mesma medida em que a liberdade continua sem estar acessível a todos os seres humanos.  Num mundo que continua a privar a liberdade de pensamento e ação a pessoas de todas as idades, credos, origens e géneros, há, do nosso ponto de vista, uma urgência de luta e exortação da liberdade, como elemento indispensável a uma democracia plena, responsável e consequente que, desejavelmente, se propague por todas as nações. 

Enquanto artistas, mulheres e mães, propomos ações artísticas que potenciem o reconhecer e reclamar da liberdade individual, da autodeterminação, sobretudo em crianças e jovens, para futuros adultos e adultas com voto político e, sobretudo, humano, com consciência do seu valor e do seu lugar implicado na construção da democracia. 

 

«Uma pessoa chamada Maria» narra a história de uma pessoa,jovem, que não consegue fazer ouvir os seus gostos, vontades e desejos. E por isso sente-se lentamente a desaparecer, até ficar quase uma sombra imperceptível numa folha de papel. Mas eis que esta pessoa, de nome Maria, reclamando a sua voz, anuncia ao mundo quem é, num resgate e empoderamento da sua individualidade. Mesmo a terminar, a obra lança o repto a quem lê: «e tu, quem és?» Com uma dose certa de humor, resultado do diálogo entre texto e ilustração, Maria pega em pequenos exemplos em que a sua voz é silenciada ou relegada para segundo plano como mecanismo impulsionador para o seu «grito de Ipiranga». 

Quando equacionamos as apresentações do livro, não as conseguimos imaginar sem uma ação de mediação que transporte a Maria para cada pessoa, independentemente da idade, que tenha, ou não, a sua voz silenciada, abafada ou diminuída. 

 

A proposta contempla por isso dois tipos de ação:

  1. Conversas pensadas para públicos mais genéricos como famílias, leitores e curiosos ou para grupos organizados, como professores, mediadores ou alunos.
  2. Oficinas de criação que cruzam diversas linguagens artísticas.

 

Para quem? Pensamos nas crianças de primeiro ciclo, onde o bullying está já presente, que são alvo de um pensamento de grupo onde têm de ser todos e todas iguais. Pensamos nos jovens pré-adolescentes que, no turbilhão de mudanças, apagam a sua individualidade para a normalizar de acordo com a matilha mais próxima. Pensamos nos adolescentes, onde a falta de reconhecimento de valor próprio é terreno fértil para a violência no namoro, pensamos nos jovens adultos, cuja inconsistência da própria individualidade se torna apetecível a estratégias políticas que condicionam uma cidadania plena e verdadeiramente democrática.

Uma pessoa chamada Maria é um pretexto para abordarmos, com diferentes idades,  o que nos faz sermos quem somos e que, independentemente de tudo, temos lugar à nossa voz, à nossa expressão, ao nosso pensamento. E isto, é democracia.